No último dia 04/09/10, houve uma manifestação na Praça do Ferreira, de aproximadamente 20 professores que recentemente passaram no concurso público promovido pela SEDUC e que até agora não foram nomeados e nem empossados nos seus devidos cargos.
O que mais revolta e impulsiona essas manifestações é simplesmente a total ausência de notícias do órgão oficial do governo, ou seja, uma simples nota oficial sobre como está o atual processo do concurso e qual previsão poderia ser dada. Mas, isso não acontece, resultando em muitas sub-informações e boatos que só elevam a irritação dos professores.
A presença na manifestação foi bastante desproporcional, pois 20 professores não representam minimamente os mais de 3000 que passaram no concurso, o que nos faz indagar e refletir sobre algumas questões.
O sociólogo Zygmunt Bauman comenta sobre nossa atual pós modernidade:
“O tipo de incerteza, de obscuros medos e premonições em relação ao futuro que assombram os homens e mulheres no ambiente fluido e em perpétua transformação em que as regras do jogo mudam no meio da partida sem qualquer aviso ou padrão legível, não une os sofredores: antes os divide e os separa. As dores que causam aos indivíduos não se somam, não se acumulam nem condensam numa espécie de causa comum que possa ser adotada de maneira mais eficaz unindo as forças e agindo em uníssono. A decadência da comunidade nesse sentido se perpetua; uma vez instalada, há cada vez menos estímulos para deter a desintegração dos laços humanos e para procurar meios de unir de novo o que foi rompido”.
Vivemos numa época em que todo tipo de lógica, ideal ou objetivo pode mudar num piscar de olhos. Vivemos, segundo Bauman, numa modernidade líquida, onde valores e lutas perdem um sentido prático, pois se exige uma relação consumista em todos os aspectos da realidade social. Algo que seja útil, mas descartável e sem profundidade ou continuidade.
Uma manifestação também sucumbe a essa praticidade, pois as conquistas coletivas há muito foram sucateadas e o individualismo impera, tanto de forma consciente como inconsciente.
Além, desse pragmatismo que acaba por nos contaminar, existe também o perigo das próprias manifestações nascerem prematuras e sem uma real consistência ou sem objetivos específicos e eficientes. Estratégias mal elaboradas ou apenas feitas com uma paixão estilo “ame-a ou deixe-a” é começar a criar de forma discreta o vírus da desmotivação e do desapontamento.
Acredito que nessa manifestação dos nossos colegas professores, essas duas questões abordadas ocorreram.
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